A Nutrigenômica pode ser considerada, em resumo, um tipo de prevenção através da alimentação, ou seja, é utilizada a nutrição para que o indivíduo em questão viva com saúde.
No estudo da nutrição, por exemplo, são diversas as áreas de pesquisa que visam o conhecimento aprofundado de como a alimentação influencia a saúde dos seres humanos.
Dentre elas, a Nutrigenômica, apesar de ser menos conhecida, tem um papel importante para compreender as interações entre os hábitos alimentares e o perfil genético de cada indivíduo.
Continue a leitura para entender mais sobre a Nutrigenômica e o seu papel preventivo para a saúde do ser humano.
Afinal, o que é Nutrigenômica e para que ela serve?
A partir da finalização do Projeto Genoma Humano, o qual identificou aproximadamente 3 bilhões de pares de bases que compõem o genoma humano – o chamado Livro da Vida -, criaram-se os termos Nutrigenética e Nutrigenômica.
Eles buscavam identificar os fatores dietéticos que poderiam alterar ou causar efeitos naquilo que nos traz nossas particularidades: o DNA.
Enquanto a Nutrigenética é a ciência que analisa como a estrutura genética determina a metabolização de nutrientes, a Nutrigenômica é a ciência que analisa a forma com que os nutrientes interagem com o material genético, interferindo na expressão dos genes.
Para saber mais sobre Nutrigenética, acesse aqui.
Em suma, a Nutrigenômica permite uma melhor compreensão de como a nutrição afeta as vias metabólicas e o controle das funções do corpo.
Esta área pretende esclarecer como os componentes da alimentação – macronutrientes, micronutrientes e compostos bioativos naturais – regulam a expressão genética de maneiras diversas.
Dessa maneira, a Nutrigenômica tem como base o estudo da epigenética.
Afinal, tão ou mais importante do que o código genético, é a possibilidade de transmissão de informação por mudanças químicas do DNA e do material que o envolve, como as histonas, sem ter relação com a sequência das bases.
O que coopera com a saúde nutricional de um indivíduo?
Muitos dos componentes da alimentação estão diretamente envolvidos em reações metabólicas que determinam todo nosso funcionamento, desde energia e crescimento, equilíbrios hormonais e sistema imunológico até processos de desintoxicação e prevenção de doenças.
É importante destacar que 97% dos genes conhecidos por estarem associados a doenças humanas resultam em doenças monogênicas, isto é, uma mutação em apenas um gene, é suficiente para causar a doença.
A modificação da ingestão dietética pode prevenir algumas doenças monogênicas ou parar de “provocá-las”.
Já as doenças cardiovasculares, obesidade, câncer e diabetes são doenças poligênicas, ou seja, resultam da disfunção de uma cascata de genes e não da mutação de um único gene.
A intervenção dietética para prevenir o aparecimento de tais condições patológicas é um objetivo complexo e ambicioso, porém muitos estudos têm buscado resultados positivos.
Um exemplo disso é o estudo que foi desenvolvido por cientistas da Universidade de Medicina John Hopkins e da Universidade e Centro Médico de Massachusetts, ambas nos Estados Unidos.
Inicialmente, buscaram entender a relação da alimentação com a saúde cardiovascular.
Mais especificamente, eles levaram em consideração a dieta conhecida como DASH, que tem como objetivo maior reduzir o risco de hipertensão (pressão arterial elevada).
Em suas descobertas surgiram novidades nas questões cardiovasculares: dietas contendo nutrientes bioativos – a antocianina malvidina, o resveratrol e flavonoides – mostraram possuir enorme habilidade de impactar processos bioquímicos do corpo, como pressão arterial, peso, colesterol sérico, colesterol LDL, colesterol HDL e triglicerídeos, através da expressão de diferentes genes.
Alimentação e qualidade de vida: compreenda a relação
De acordo com as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia, os fatores de risco mais relevantes no panorama da saúde cardiovascular no Brasil são: tabagismo, hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus, obesidade e dislipidemias.
O tratamento não medicamentoso para minimizar estes fatores está relacionado com a mudança comportamental e a adesão a um plano alimentar saudável.
A Nutrigenômica nos mostra que não existe dieta pronta, nem fórmula mágica, porém um planejamento alimentar que para ser efetivo precisa respeitar, não somente as preferências pessoais, como também sua individualidade bioquímica aliada aos diversos benefícios nutrigenômicos dos alimentos.