Qual é o melhor momento para a mulher procurar um ginecologista? Eis uma questão que envolve mais do que uma idade estática e que está relacionada com a perspectiva de vida que a mulher deseja ter. À vista disso, a percepção de como cuidar da saúde feminina precisa ser intensamente explorada.
No artigo abaixo, listei algumas informações importantes sobre as fases da vida da mulher com maior impacto físico e psicológico.
Além disso, procurei despertar o leitor sobre a pávida realidade que se observa nos dias de hoje, com relação ao funcionamento da orquestra hormonal feminina.
Se você deseja adentrar nas questões sobre como cuidar da saúde feminina em todas as fases da vida, lhe convido a seguir com a leitura até o final.
Uma realidade temerosa
Existe um grande problema no âmbito da medicina que se encontra enraizado e que precisa de uma urgente revisão para que comece a mudar: as pessoas são educadas a procurar o médico somente quando estão sintomáticas.
É comum que o médico receba o paciente com a seguinte frase: “Bom dia! O que você está sentindo?”.
Observe que a introdução está muito mais voltada para os sintomas e queixas que o indivíduo tem a apresentar do que a uma conversa que conduza a revisão do seu estilo de vida, condições psicológicas e até mesmo, do seu histórico de saúde.
Desta forma, o que se observa são pessoas que deixam de procurar os médicos para EVITAR problemas. Ou seja, elas não vão aos consultórios justamente por não sentirem nada.
Mal sabem elas que perdem uma preciosa chance de se PREVENIR.
A boa notícia neste caso, é que com o advento das redes sociais e da internet tem crescido o número de pacientes que chegam nas consultas mais informadas e com alguns questionamentos interessantes já prontos.
Desta forma, entendo que a grande missão dos profissionais de saúde nos dias de hoje é ser disseminador desse conhecimento que aumenta a capacidade de entendimento da mulher sobre como cuidar da saúde feminina, em diferentes fases da vida.
Neste contexto, o médico deixa de ser aquele ser onipresente e onisciente trazendo o paciente para o mesmo patamar e compartilhando com ele, as responsabilidades pelo sucesso ou insucesso das suas futuras condições de saúde.
Isso incentiva que os indivíduos façam o “seu dever de casa” se comprometendo não só com o médico, mas consigo mesmos. Se isso não for feito, a nossa capacidade de ajudar as pessoas termina, exatamente, onde começa a responsabilidade de cada um em fazer o seu dever de casa.
Como cuidar da saúde feminina
Há um tempo atrás, as mulheres que procuravam seu ginecologista tinham uma postura altamente dependente e atrelada a tratamentos medicamentosos direcionados às suas queixas e sintomas.
Contudo, essa é uma realidade que vem mudando enquanto eclode uma nova geração de pacientes questionadoras e protagonistas da sua própria saúde.
Dito isto, observemos como cuidar da saúde feminina desde a puberdade, passando pela idade fértil e pela menopausa.
Puberdade
Não existe uma idade fixa recomendada para se iniciar as visitas ao ginecologista, no entanto, os cuidados com a saúde da mulher começam desde a gestação. Por este motivo, é importante que os pais estejam presentes e sejam exímios atuantes no desenvolvimento da criança, principalmente, no que diz respeito aos hábitos e ao estilo de vida.
Portanto, a partir do momento que a criança começa a apresentar um desenvolvimento diferente é preciso ligar o alerta e procurar um profissional especializado.
Infelizmente, os casos de puberdade precoce aumentaram consideravelmente nos últimos anos. E ao avaliar o estilo de vida da criança, atrelado aos hábitos dos pais, não é difícil encontrar a causa mais comum deste problema: desenvolvimento de resistência à insulina por conta de uma alimentação baseada em junk food.
A ingestão deste tipo de alimento vai aumentar a resistência à insulina levando a um aumento da adiposidade, ou seja, um acúmulo de gordura nas mulheres. Nesta gordura, mesmo na criança, existe uma enzima que se chama aromatase que converte hormônios androgênicos em hormônios femininos estrogênicos. Hormônios estrogênicos, aumentados para essa faixa etária, começam a estimular o desenvolvimento da puberdade antes do tempo.
Neste contexto, crianças de 7 ou 8 anos de idade chegam aos consultórios com aumento antecipado de mamas, crescimentos de pelos em locais que antes não existiam e etc. Tal condição não pode ser considerada normal.
Reforço que a puberdade precoce vai trazer repercussões não só de ordem comportamental e psicossocial, como também, mudanças metabólicas profundas. Sabemos que essas crianças vão ter tendência a crescer menos, engordar mais e inflamar precocemente.
Idade fértil
Com a chegada da puberdade e da menarca (primeira menstruação) a adolescente começa a desabrochar sexualmente. Nesta condição, ela procura um ginecologista ou vai acompanhada da mãe, em busca de uma forma de se manter segura com relação a uma gravidez antecipada ou até mesmo com o intuito de controlar as manifestações hormonais comuns nesta fase da vida.
Sendo assim, a mulher jovem ou adulta, parte em busca de um método contraceptivo. E pode parecer mais fácil indicar o uso de uma pílula anticoncepcional, mas quais são as potenciais consequências dessa escolha?
O grande divisor de águas nesse raciocínio é entender que estamos diante de uma terapia hormonal que é prescrita de forma banal.
Na terapia hormonal que acontece durante a menopausa, a mulher é investigada em todos os aspectos antes de começar. Já quando se fala da terapia hormonal da mulher no menacme (idade fértil) ela tende a tomar uma decisão com base em informações inseguras e sem contexto médico.
Ou seja, se percebe um uso indiscriminado da pílula anticoncepcional, que por sua vez, tem consequências extremamente graves na saúde da mulher.
Neste caso, o mais importante é explicar para a paciente quais são os prós e contras de cada método contraceptivo, para que de posse dessas informações possa escolher o que é melhor para ela.
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Menopausa
A fase do climatério, começa por volta dos 35 anos e acompanha a mulher por pelo menos 3 décadas, até que ela entre na idade madura. Essa é uma fase crítica, em que as mulheres têm maior propensão às manifestações dos declínios hormonais.
Sendo assim, é necessário se preocupar com o climatério e a menopausa, já na adolescência. Pois, envelhecer com a massa muscular desenvolvida é muito importante para que não ocorra a resistência insulínica que é um grande problema dessa fase da vida da mulher. Ou seja, a mulher precisa começar a fazer atividade física frequente e rotineira aos 10 ou 12 anos de idade.
O quão antes tiver a oportunidade de começar, mais suave será a transição dessas fases marcantes.
No cenário da sintomatologia desconfortável da menopausa, a terapia hormonal individualizada tem ação fantástica e com ela, se consegue restaurar a qualidade de vida da mulher.
Dormir bem, controlar o estresse, se alimentar adequadamente e praticar atividade física são iniciativas que não envolvem nenhum tipo de fármacos e que estão dentro das condições de vida de qualquer mulher.
O cumprimento de um papel importante
As pessoas têm uma dificuldade enorme de mudar e adotar bons hábitos.
Dentro deste contexto, uma das questões mais importantes para se chegar à resultados positivos é termos um paciente bem informado.
E quem é responsável pela informação? Nós!
Então hoje, o papel do médico vai além do que simplesmente prescrever ou detectar uma condição patológica. Ele é também, um educador. Se ele não conseguir se comunicar de maneira eficaz para que as pessoas entendam o que está sendo proposto, sua missão estará seriamente comprometida.
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