Os hormônios regem a nossa vida, sendo liberados em momentos cruciais para o bom funcionamento do organismo. Assim como a prolactina e a ocitocina.
Muitas vezes, alguns hormônios juntam as suas funções para poder ajudar o organismo em determinados momentos da vida de um indivíduo. Um grande exemplo é a gestação de uma mulher.
Durante o período gestacional acontecem grandes mudanças fisiológicas e funcionais para preparar o corpo feminino para o crescimento do feto, para tal, hormônios como a ocitocina e prolactina entram em ação.
Continue a leitura e entenda qual a relação entre a prolactina e a ocitocina.
Afinal, qual a relação entre a prolactina e a ocitocina?
A mulher, quando em período gestacional e pós-gestacional, passa por uma série de alterações funcionais e fisiológicas, que garantem que seu organismo possa arcar com todas as necessidades dela e do bebê.
Por exemplo, durante a gestação, há um importante desenvolvimento das glândulas mamárias, e esse desenvolvimento é o que possibilita a amamentação no período puerperal.
Para que essa alteração, citada anteriormente, entre outras de suma importância a esses momentos da vida feminina, ocorra, alguns hormônios são produzidos e secretados, e então atuam no organismo da mulher, levando a essas alterações.
Dentre esses hormônios, dois são muito importantes e atuam muitas das vezes em conjunto, são eles a ocitocina e a prolactina.
De acordo com a literatura científica, a ocitocina é um hormônio produzido nos núcleos paraventricular e supraóptico localizados no hipotálamo. Esse hormônio é transportado pelos axônios dos núcleos citados até a neuro-hipófise.
Esse transporte é realizado por associação com proteínas transportadoras chamadas de neurofisinas. Após chegar na neuro-hipófise, a ocitocina é armazenada. Quando há um estímulo, ocorre exocitose do hormônio, sendo, então, liberado para a corrente sanguínea, para então realizar suas ações.
Para que a ocitocina seja liberada pela neurohipófisis, estímulos específicos precisam existir. Dois estímulos são os protagonistas dessa liberação. O primeiro é a distensão do colo uterino, e o segundo é a sucção do mamilo.
Segundo a literatura científica, a prolactina é um hormônio produzido pelos lactotrofos, células localizadas na hipófise.
Nesse sentido, assim como acontece com as gonadotrofinas, a regulação da produção de prolactina é feita pelo hipotálamo.Prolactina e ocitocina: qual a relação?
A prolactina é produzida no corpo da mulher desde a puberdade, em concentrações bastante baixas, suficientes apenas para estimular o desenvolvimento mamário e em algumas situações no ciclo reprodutivo.
Seu papel mais importante, no entanto, acontece após a gestação, quando esse hormônio é central nos processos envolvendo o aleitamento materno.
Ocitocina e prolactina: da gestação à amamentação
Como vimos acima, os hormônios ocitocina e prolactina são essenciais para o período gestacional.
Durante as fases da gravidez, eles são liberados em prol de facilitar e nutrir as necessidades tanto da mãe quanto do bebê.
Na gestação
Durante a gestação, há produção de prolactina. Afinal, a prolactina não está envolvida apenas na produção de leite, ao contrário, diversas são as suas ações.
Após a formação da placenta, ocorre aumento dos níveis hormonais de progesterona e estrogênio, que auxiliam no desenvolvimento físico da mama. Além disso, esses hormônios citados anteriormente são um estímulo à produção de prolactina.
Atuam no hipotálamo, estimulando a produção de PRH (Hormônio liberador de Prolactina), que, por sua vez, atua nas células lactotróficas da adeno-hipófise, que então produzem a prolactina.
Porém, durante a gestação, a prolactina não atua produzindo leite, pois seu efeito lactogênico é inibido pela progesterona e pelo estrogênio. Então, durante a gestação, a prolactina possui efeito mamogênico, ou seja, atua auxiliando o desenvolvimento da mama.
No parto
Durante a gestação, especialmente no final da mesma, há um aumento do número de receptores de ocitocina no miométrio.
Isso ocorre pois uma das ações da ocitocina é aumentar a contração da musculatura uterina, e, sendo assim, quando a mulher inicia o trabalho de parto, a ação da ocitocina é de suma importância.
Sendo assim, quando se aproxima o momento do parto, ocorre uma distensão do colo uterino.
Essa distensão do colo uterino é um dos estímulos para a secreção da ocitocina. Uma vez liberada, ela realiza o “seu papel”, aumentando a contração do miométrio, como já fora dito.
Além disso, promove secreção de prostaglandinas que amolecem o colo uterino.
Além dessas ações desempenhadas pela própria ocitocina, ela também provoca alteração nos hormônios progesterona e estrogênio.
Ao fim da gravidez, com o aumento do número de receptores de ocitocina no miométrio, aumentando, portanto, a ação da mesma, há também um aumento de estrogênio.
A importância disso é que o estrogênio colabora com a ação da ocitocina, uma vez que estimula ainda mais o aumento dos receptores para ocitocina no miométrio, além de sensibilizar a musculatura a ação da ocitocina.
No puerpério
A ocitocina possui um outro papel não menos importante, posterior ao de sua ação no parto. E esse papel é o de auxiliar na amamentação.
No período puerperal, a ocitocina tem como ação principal atuar nas glândulas mamárias. Mas não somente. Ela também atua no útero em tal período, que, por ação da ocitocina, sofre uma involução para retornar ao seu tamanho normal.
Após o parto, é comum e fundamental que a mulher amamente o bebê. A amamentação não envolve apenas a ocitocina, como veremos a frente, mas seu papel é indispensável. Na amamentação, o bebê realiza a sucção do mamilo, para assim “sugar” o leite.
Esse ato de sucção é um estímulo fundamental para a secreção de ocitocina no puerpério. A glândula mamária é formada pelas células epiteliais, que realizam a produção do leite, e por células que promovem a ejeção do leite produzido.
Essas células que promovem a ejeção do leite são conhecidas como células mioepiteliais e são elas que sofrem a ação da ocitocina. A ocitocina atua nas células mioepiteliais estimulando sua contração, e essa contração promove a ejeção do leite produzido pela glândula.
Dessa forma, é de suma importância que haja o contato da mãe e do bebê o mais rápido possível, para que haja o estímulo, a ocitocina seja liberada pelos núcleos supraóptico e paraventricular, seja transportada até a neuro-hipófise, para ser então liberada na corrente sanguínea, para que aja nas células mioepiteliais das glândulas mamárias promovendo a ejeção.
Com o parto, a placenta também é retirada, e com a saída da mesma, os níveis de progesterona e estrogênio reduzem. Com a redução de tais hormônios, não há inibição do efeito lactogênico da prolactina, mas perde-se também o estímulo para a produção de prolactina.
Contudo, o que acontece é que o estímulo para a produção passa a ser outro. Após o parto, como já disse, o bebê deve ser amamentado, e, assim como no caso da ocitocina, o estímulo à produção de prolactina no puerpério é a sucção do mamilo.
O ato da sucção envia estímulos ao hipotálamo, e toda uma sequência de eventos acontecem, até que a prolactina seja liberada e vá, então, atuar nas células alveolares das glândulas mamárias, e então o leite é produzido, graças ao efeito lactogênico da prolactina.
No entanto, a amamentação não é o único efeito da prolactina. No período puerperal, os altos níveis de prolactina levam a redução dos níveis de hormônios gonadotrópicos (LH e FSH), e, com isso, a mulher passa por um período de redução da libido, amenorreia lactacional, e períodos anovulatórios.
Ao longo do artigo foi possível perceber a importância dos hormônios para esse momento tão especial e delicado na vida da mulher.
Uma gestação tranquila é totalmente dependente de uma boa saúde hormonal, regida pelo equilíbrio e bem-estar.
Sendo assim, evidenciamos novamente a necessidade urgente do conhecimento em hormonologia para a conservação da vida e a busca da qualidade de vida.