A menopausa é um processo biológico natural, no entanto, não deve ser compreendida como algo normal.
Afinal, como veremos a seguir, os sintomas físicos e emocionais despertados no período chamado climatério trazem inúmeros prejuízos para a qualidade de vida de uma mulher.
Siga a leitura e saiba mais.
Sintomas da menopausa e do climatério: entenda as diferenças
No Brasil, entre os quarenta e oito (48) e cinquenta e dois (52) anos, as mulheres presenciam o fim dos seus ciclos menstruais. É, de fato, um momento inevitável, que ocorre devido ao esgotamento dos óvulos e, como consequência, ocasiona o fim dos ciclos ovulatórios.
Antes que a menopausa ocorra, surge o climatério, onde a produção de hormônios essenciais para a qualidade de vida da mulher caem drasticamente, ocasionando sintomas diversos e uma série de flutuações no ciclo menstrual.
É fato que o termo menopausa é usado com muito mais frequência do que climatério, no entanto, devemos considerar que ‘menopausa’ se refere a um evento específico, ou seja, a cessação da menstruação.
Já o termo ‘climatério’ remete às mudanças graduais da função ovariana, com início antes da menopausa, se prolongando de acordo com cada organismo.
No período do climatério ocorrem alterações hormonais que ocasionam sintomas, os quais, como veremos a seguir, deterioram a qualidade de vida, provocando alterações metabólicas que aumentam o risco de doenças crônicas.
Portanto, a palavra climatério deve ser utilizada para se referir aos sintomas e doenças crônicas associadas à diminuição gradual da função ovariana. Já o termo menopausa pode ser empregado para nomear o evento de cessação da menstruação, que irá acontecer como consequência do declínio da atividade ovariana.
Após a compreensão das diferenças entre os termos, será que podemos considerar os sintomas do climatério como normais, os quais toda mulher está sujeita a enfrentar?
Quedas hormonais trazem prejuízos à qualidade de vida da população feminina
“A nossa sociedade vê a mulher na menopausa como apenas um instrumento em finitude.” Fernanda Montenegro
Como elencado na frase citada por Fernanda Montenegro, a menopausa é compreendida por muitos indivíduos e, infelizmente, alguns profissionais da saúde, como uma regra, algo que há de acontecer com todas as mulheres, sendo um momento que marca o “fim” da vida feminina.
Dessa forma, as mulheres são condicionadas a aceitar todos os efeitos provocados pela menopausa e pelo climatério, demonstrando uma diminuição preocupante da qualidade de vida.
Um estudo publicado no Journal of Women’s Health teve como objetivo investigar o impacto dos sintomas da menopausa na qualidade de vida relacionada à saúde e à produtividade das mulheres.
Foram usados dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Bem-Estar dos Estados Unidos de 2005, com mulheres de 40 a 64 anos sem histórico de câncer. As mulheres que relataram sentir sintomas da menopausa foram comparadas com mulheres que não apresentaram nenhum tipo de sintoma relacionado ao período.
Como resultado, foi observado que aquelas mulheres que manifestaram sintomas provocados pelo climatério tiveram uma queda na qualidade de vida relacionada à saúde, bem como maiores prejuízos sobre à produtividade no ambiente de trabalho.
Os sintomas mais evidentes na pesquisa foram a depressão, ansiedade e problemas nas articulações, demonstrando que os efeitos provocados pela menopausa podem ser um fardo que compromete a longevidade saudável das mulheres, afetando a saúde física, mental e, consequentemente, as suas carreiras profissionais.
Conheça os sintomas da menopausa
O quadro clínico do declínio gonadal feminino, também conhecido pelo termo menopausa, pode estar correlacionado com vasta sintomatologia. Dentre eles, podemos citar:
Amenorreia secundária em mulheres com mais de 35 anos por período superior a seis meses
Um dos principais indícios da menopausa é a interrupção do ciclo menstruação por período superior a seis meses em mulheres com mais de 35 anos.
Se você sente algum sintoma relacionado, procure imediatamente o seu médico de confiança.
Fogachos
Muitas pessoas costumam reduzir os sintomas do climatério e da menopausa aos fogachos. No entanto, como podemos verificar neste artigo, tal quadro é apenas mais um entre a extensa lista de danos provocados pela queda dos níveis hormonais femininos. Em média, os fogachos duram de três a cinco anos e geralmente pioram no ano seguinte à última menstruação.
Quando a menopausa não é tratada da maneira correta, os fogachos podem durar por tempo indefinido em algumas mulheres.
As famosas ondas de calor acometem mais de 80% das mulheres que enfrentam o climatério e pode ser um indício do desequilíbrio hormonal.
Sudorese noturna
As ondas de calor também podem surgir durante o sono, ocasionando danos como fadiga e alterações de humor.
Insônia
Muitas mulheres trazem relatos sobre a insônia durante o climatério. A redução do estrogênio e da progesterona prejudica o efeito protetor respiratório hormonal, o que causa insônia, ronco, apneia e pernas inquietas.
Helena Hachul de Campos, pesquisadora do Instituto do Sono, explica que a progesterona é considerada um estimulante respiratório e a ausência do hormônio faz com que a apneia apareça.
“Durante os episódios de apneia, a pessoa acorda para ‘respirar’ e isso deixa o sono fragmentado”, explica.
Fragilidade imunológica
A fragilidade imunológica é uma grave consequência da menopausa. Como sempre falamos em nossos conteúdos, os hormônios são a base da vida. Dessa forma, quando ocorrem eventos que desregulam a sua produção, sentimos os impactos no funcionamento de nosso organismo.
Estudos mostram uma diminuição da quantidade de linfócitos T e B, assim como dos efeitos citotóxicos das células natural killer em decorrência da diminuição acentuada na concentração dos estrogênios circulantes durante a menopausa.
Assim, existe uma relação direta entre a deficiência do sistema imunológico e a menopausa, provocando aumento de doenças neoplásicas, infecciosas, crônico-degenerativas, assim como de inflamações crônicas.
Estudos indicam que existe uma normalização da resposta imunológica após a reposição hormonal, fator importante no controle das doenças citadas. Dessa maneira, a reposição é necessária não somente para minimizar os efeitos da menopausa, mas também para combater e prevenir doenças de caráter imunológico como, por exemplo, as doenças autoimunes e neoplásicas.
Outros sintomas que podem surgir e afetar drasticamente a qualidade de vida das mulheres durante o climatério são:
- Labilidade emocional;
- Ressequidão vaginal;
- Dispareunia;
- Declínio cognitivo;
- Ressecamento da pele;
- Queda de cabelos;
- Aumento do peso total;
- Aumento do percentual de gordura;
- Perda de massa magra;
- Perda de massa óssea;
- Redução da libido;
- Comprometimento da qualidade de vida.
No cenário da sintomatologia desconfortável da menopausa, a terapia hormonal individualizada tem ação fantástica e com ela, se consegue restaurar a qualidade de vida da mulher.
Menopausa além do físico: sintomas geram consequências graves à saúde emocional
Em geral, a menopausa e o climatério estão fortemente associados aos fogachos, ou seja, sensação de calor repentina, que se mostra mais intensa no rosto, pescoço e peito, bem como a sudorese.
No entanto, não podemos reduzir todas as quedas hormonais ocasionadas no período aos sintomas listados.
Um dos principais prejuízos da menopausa e do climatério estão vinculados à saúde emocional da mulher.
De acordo com a Universidade de Harvard, a incidência de depressão dobra durante esse período. Além disso, mulheres que lutaram no passado contra a depressão ou ansiedade também podem presenciar um ressurgimento dos sintomas.
Além disso, um estudo conduzido por Hadine Joffe e publicado em 2019 no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism relacionou um aumento nos sintomas de depressão na perimenopausa com flutuações de dois hormônios, progesterona e estradiol.
Razões pelas quais não podemos ignorar os sintomas da menopausa
Tendo em vista todas as informações que trouxemos até aqui, são nítidos os efeitos negativos provocados pelo período de climatério e menopausa.
Dessa forma, normalizar tais prejuízos à qualidade de vida não é a postura esperada de um profissional da área da saúde em pleno século XXI.
Todas às vezes que lidamos com determinados tipos de sintomas, precisamos investigar aquilo que está sendo um fator-chave para ocasioná-los.
A “anarquia hormonal” ocasionada no período do climatério merece atenção especial, de modo que a qualidade de vida da população feminina não sofra interferências.
Possui alguma dúvida a respeito do tema? Comente!
Respostas de 2
Teria algum curso específico para menopausa para ginecologista? Se tiver curso ou livro específico falando sobre menopausa eu gostaria de compra -lós! Obrigada!
Excelente matéria . Sou prova viva dos efeitos nefastos do climatério . Como fiz cirurgia de histerectomia parcial , retirada do útero e preservação dos ovários , não tive como saber quando a menstruação havia cessado . Durante anos após a cirurgia tive quadros de infecção urinária . Agravou minha saúde e só após 5 anos consegui encontrar uma profissional comprometida com o paciente . Ela aplica a medicina integrativa . Atualmente , estou fazendo tratamento e sinto que finalmente posso ter qualidade de vida .