Nem todos os eventos que são naturais, são necessariamente normais. A menopausa é um quadro que pode ser utilizado para exemplificar tal colocação.
Popularmente conhecido pelo termo menopausa, o Declínio Gonadal Feminino se caracteriza por uma série de declínios hormonais, ocasionando uma vasta sintomatologia.
Por mais que o processo seja considerado “natural” à fisiologia humana, suas consequências não devem ser encaradas como “normais”.
Neste artigo temos como objetivo explicar todo o processo relacionado à menopausa, uma endocrinopatia com enormes repercussões biopsicossociais na vida de uma mulher.
Siga a leitura e saiba mais.
Compreendendo a menopausa
Todos os padrões biológicos em sua vida são governados pelos hormônios.
Na adolescência, a chegada do ciclo menstrual abre portas para processos importantes à fisiologia feminina.
Em cada ciclo menstrual, a hipófise libera o hormônio folículo-estimulante e o hormônio luteinizante, responsáveis pelo desenvolvimento dos folículos. Além disso, eles também produzem estrogênio e progesterona, hormônios importantíssimos para a saúde da mulher.
É por volta dos 30 anos que o metabolismo feminino começa a apresentar sinais de desaceleramento. Quando as quedas hormonais não são tratadas com a devida atenção, é nessa fase que as mulheres podem perceber maior facilidade em aumentar o peso.
Por volta dos 35 anos, inicia-se na vida de uma mulher uma fase chamada de climatério, que se prolonga até os 65 anos.
À medida que os 40 anos se aproximam, ocorre a queda da fertilidade, bem como o declínio no nível de estrogênio no sangue, o que diminui a quantidade de colágeno e elastina na pele, reduzindo sua firmeza e acelerando o processo de envelhecimento.
Por volta dos 48-52 anos, começam a ocorrer falhas na menstruação e, a partir daí, verificamos a parada total do ciclo menstrual, chamada de amenorreia secundária. Quando isso ocorre, os ovários entram em esgotamento, ocasionando então aquilo que chamamos de menopausa.
Sintomas da menopausa
O quadro clínico do declínio gonadal feminino, também conhecido pelo termo menopausa, pode estar correlacionado com vasta sintomatologia. Dentre eles, podemos citar:
- Amenorreia secundária em mulheres com mais de 35 anos por período superior a seis meses;
- Fogachos;
- Sudorese noturna;
- Insônia;
- Labilidade emocional;
- Ressequidão vaginal;
- Dispareunia;
- Declínio cognitivo;
- Fragilidade imunológica;
- Ressecamento da pele;
- Queda de cabelos;
- Aumento do peso total;
- Aumento do percentual de gordura;
- Perda de massa magra;
- Perda de massa óssea;
- Redução da libido;
- Comprometimento da qualidade de vida.
No cenário da sintomatologia desconfortável da menopausa, a terapia hormonal individualizada tem ação fantástica e com ela, se consegue restaurar a qualidade de vida da mulher.
Como saber se estou na menopausa
Como saber se estou na menopausa é uma dúvida muito comum de diversas mulheres, como verificamos até aqui, a menopausa ocorre por volta dos 48-52 anos, manifestando uma vasta lista de sintomas.
No entanto, o declínio hormonal acontece antes desse período, comprometendo de forma drástica a qualidade de vida de uma mulher.
Dessa forma, salientamos a importância de não reduzir o Declínio Gonadal Feminino aos fogachos ou ondas de calor, visto que essas jamais serão as consequências principais.
A menopausa se caracteriza pela interrupção da produção de hormônios ovarianos, consequentemente ocasionando a parada do ciclo menstrual. No entanto, a grande verdade é que as ações dos hormônios produzidos pelos ovários transcendem em muitos campos os fenômenos reprodutivos.
O estradiol, por exemplo, é o principal anabolizante natural que o organismo de uma mulher produz, controlando mais de 400 funções, que vão desde o processamento cerebral, a qualidade dos cabelos, produção de colágeno, qualidade da pele, metabolismo ósseo, qualidade do sistema imunológico, apetite sexual, cognição, qualidade do sono… São inúmeras funções!
Mais uma vez, reiteramos: fogachos ou ondas de calor jamais serão as consequências principais da menopausa.
Na verdade, os problemas mais notáveis são silenciosos e só irão se manifestar em estágios graves.
Estudos indicam que durante o período de transição da menopausa, a queda do estrogênio leva a mais reabsorção óssea do que à formação, resultando em osteoporose. A principal ameaça à saúde da osteoporose são as fraturas osteoporóticas.
Além disso, um estudo realizado em 2010 verificou que em mulheres na pós-menopausa, as mudanças no sistema imunológico têm sido atribuídas à privação de estrogênio.
Outra questão importante foi avaliada em um estudo publicado em 2020 na revista American Academy of Neurology, o qual indicou que mulheres de meia-idade têm mais chances de apresentar alterações no cérebro relacionadas ao Alzheimer, mesmo quando não há sinais de mudanças no que diz respeito ao raciocínio e a memória. Segundo os pesquisadores, a descoberta pode estar ligada ao período da pós-menopausa, quando o estrogênio deixa de ser produzido.
Tendo em vista todas as informações citadas ao longo deste artigo, ressaltamos a necessidade de se preocupar com a menopausa já na adolescência. Afinal, devemos sempre ir em busca da prevenção ao invés de lidar com os sintomas.
O quão antes tiver a oportunidade de começar, mais suave será a transição dessas fases marcantes relacionadas à fisiologia feminina.
No cenário da sintomatologia desconfortável da menopausa, a terapia hormonal individualizada tem ação fantástica e com ela, se consegue restaurar a qualidade de vida da mulher.
O que é a menopausa precoce e como identificá-la
A menopausa precoce se caracteriza pelo processo de esgotamento hormonal em mulheres com idades inferiores aos 48-52 anos.
Quanto mais jovem uma mulher entra em menopausa precoce, maior serão os processos catabólicos de envelhecimento.
Mas, afinal, o que pode levar uma mulher a ter um esgotamento hormonal precoce?
Gônadas ovarianas
As gônadas ovarianas se desenvolvem na vida embrionária e a quantidade de folículos que uma mulher vai possuir em seus ovários é determinada geneticamente. Ainda em vida intrauterina, uma mulher tem cerca de 3 a 3,5 milhões de folículos. Ao nascer, tais folículos são reduzidos dramaticamente ao número aproximado de 300 mil e as mulheres estimulam-nos ao longo da vida. Dessa forma, é importante perceber que essa população pode estar diminuída ainda na gestação, contribuindo para a menopausa precoce.
Tudo irá depender do ambiente hormonal e do ambiente metabólico da gestante. Uma das principais causas da redução de folículos é a disfunção e deficiência do hormônio T3.
Exposição às infecções
A exposição às infecções também pode contribuir para a menopausa em sua forma precoce. Como exemplo, podemos citar o vírus da caxumba. Quando contraída na fase adulta, a doença pode ter uma seletividade pelo tecido ovariano, aniquilando-o de maneira prematura
Outras causas relacionadas à menopausa precoce:
- Exposição à radiação ionizante;
- Exposição aos raios X;
- Traumas;
- Cistos;
- Nódulos;
- Tumores;
- Iatrogenia – ooforectomia bilateral.
A reposição hormonal da menopausa é uma das ferramentas mais importantes para a promoção da qualidade de vida. No entanto, ressaltamos que o protocolo jamais deverá considerar a utilização de hormônios sintéticos e, sem exceções, deve ser conduzido através de um profissional com vasta experiência em hormonologia.
Gravidez na menopausa: é possível?
A menopausa só pode ser definida a partir do desaparecimento de menstruação por doze meses consecutivos.
A fase marcada pela irregularidade no ciclo menstrual e demais sintomas relacionados à menopausa trata-se do período conhecido como climatério.
Por mais que as chances de gravidez na fase de climatério sejam bastante reduzidas, ainda é possível.
Para isso, é importante que a mulher tenha acesso ao acompanhamento médico especializado, evitando riscos e garantindo bem-estar para si e também para o bebê que está por vir.
Se você possui alguma dúvida relacionada à menopausa, siga acompanhando nossos conteúdos!
Respostas de 4
Olá Dr. Tive menopausa precoce aos 36 anos, hoje estou com 57 anos, até 2020 fiz terapia hormonal com bioidenticos. Deve continuar fazendo a reposição dos hormônios?Eu acho q os hormônios me dá muita ansiedade.
Quais hormônios você está usando ?
Só poderei responder sua pergunta após sua resposta
Dr Cesar Colaneri
Como fazer reposição hormonal se tenho contraindicacao ao uso de estrogênio, visto q já tive vários episódios de trombose venosa superficial, tendo usado até anticoagulante. Estou com 52anos e começaram os fogachos
Bom dia
Acompanho as matérias divulgadas por vcs, são de grande utilidade.
Tenho hipotireoidismo, há + de 40 anos , faço reposição do Puran T4, 62,5 mg, último exame realizado em 05/03/22 minhas taxas estavam
TSH 3,00UI/ mL
T4L TIROXINA LIVRE , 1,67 BH/dL
Estou com a medicação correta?
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