As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre mulheres no mundo. Ainda assim, o cuidado com a saúde do coração feminino continua subestimado, tanto por parte da população quanto no olhar clínico tradicional. Sintomas atípicos, sub- representação em estudos e vieses no atendimento fazem com que a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das mulheres ocorram muitas vezes tarde demais.
Entender essas diferenças é essencial para promover uma medicina mais justa, individualizada e eficaz. Neste artigo, vamos explorar por que o risco cardiovascular feminino segue invisível, e o que pode ser feito para mudar isso.
Mulheres morrem mais de doenças do coração, mas são tratadas como exceção
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), doenças cardiovasculares são responsáveis por mais de 35% das mortes femininas no mundo. No Brasil, o número de infartos em mulheres com menos de 55 anos aumentou nos últimos anos, refletindo o impacto cumulativo do estresse, sedentarismo, má alimentação e alterações hormonais.
No entanto, o modelo biomédico ainda tem o homem como padrão, o que leva a um atraso no diagnóstico feminino e subvalorização de sintomas como cansaço extremo, dor epigástrica, náusea, falta de ar e palpitação, todos comuns em mulheres durante um evento cardíaco, mas frequentemente ignorados ou confundidos com “estresse” ou “ansiedade”.
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As particularidades hormonais e metabólicas do corpo feminino
Os ciclos hormonais ao longo da vida, da menarca à menopausa, influenciam diretamente o perfil lipídico, a regulação inflamatória, o tônus vascular e a sensibilidade à insulina. A queda estrogênica da menopausa, por exemplo, está associada ao aumento do risco de:
- Hipertensão
- Aumento do LDL e da glicemia
- Acúmulo de gordura abdominal
- Disfunção endotelial
Além disso, doenças como SOP, endometriose e trombofilia também têm impacto cardiovascular indireto, mas muitas vezes negligenciado na prática clínica.
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Invisibilidade clínica, subdiagnóstico e desigualdade histórica
Estudos mostram que as mulheres têm menos chance de receber exames de imagem, monitoramento adequado e intervenções após eventos cardíacos. Em muitos casos, recebem alta hospitalar com diagnósticos imprecisos e sem plano de acompanhamento adequado.
Essa negligência tem raízes profundas:
- Baixa representatividade de mulheres em ensaios clínicos
- Estigmatização dos sintomas femininos como “emocionais”
- Falta de formação médica sobre os sinais cardíacos específicos na mulher
A consequência? Infartos com maior mortalidade, AVCs mais incapacitantes e maior risco de insuficiência cardíaca subdiagnosticada.
A prevenção precisa ser personalizada para o corpo feminino
Cuidar do coração da mulher exige mais do que aplicar protocolos masculinos em outro corpo. É preciso considerar:
- O impacto da menopausa e do climatério
- O papel do estresse crônico e da sobrecarga emocional feminina
- A influência dos hormônios sexuais no metabolismo e na inflamação
- A relação entre microbiota, eixo intestino-coração e eixo intestino-ovário
A medicina cardiovascular feminina precisa ser funcional, integrativa e com olhar hormonal. E acima de tudo, precisa escutar a mulher em suas queixas reais, mesmo quando os exames parecem normais.
Estratégias cardioprotetoras específicas para mulheres
Além dos pilares já conhecidos (alimentação, atividade física, sono e gestão do estresse), a prevenção cardiovascular na mulher pode envolver:
- Suporte hormonal bioidêntico, quando indicado
- Modulação da microbiota intestinal e saúde metabólica
- Acompanhamento de marcadores inflamatórios (PCR-us, IL-6), glicêmicos e lipídicos com recorte por fase da vida
- Educação em saúde e escuta ativa nas consultas
Essas estratégias só ganham potência quando aplicadas de forma individualizada.
Suplementação sempre com orientação profissional
A suplementação pode ser uma aliada da saúde cardiovascular feminina, especialmente com nutrientes como ômega-3, coenzima Q10, vitamina D, magnésio e antioxidantes.
Mas seu uso deve ser sempre baseado em avaliação clínica, exames e fase hormonal da mulher. A automedicação pode mascarar sintomas importantes ou interferir na fisiologia de forma negativa.
Por isso, busque sempre a orientação de profissionais capacitados, como nutricionistas clínicos e médicos com formação em saúde da mulher e fisiologia hormonal.
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