Além da abordagem tradicional, que enfatiza riscos apenas em intolerantes, a visão integrativa considera que algumas pessoas, mesmo sem diagnóstico clínico, podem ter danos funcionais significativos devido a predisposições individuais, padrão epigenético ou desequilíbrios de microbiota.
Nesse contexto, analisamos o que a ciência, especialmente os estudos do Dr. Alessio Fasano, revela sobre glúten, caseína e agrotóxicos como potenciais gatilhos de disfunção intestinal, e como essa informação pode pautar uma prática clínica mais profunda e personalizada.
- Glúten: muito além da doença celíaca
- O Dr. Alessio Fasano, autoridade em doença celíaca, destaca que não conseguimos digerir completamente o glúten, o que o torna imunogênico em qualquer pessoa https://celiac.org/2014/02/03/dr-alessio-fasano-speaks-out-about-celebrity-gluten-bashing-celiac-disease-research/ .
- Fasano também descobriu a zonulina, proteína que regula as junções entre células epiteliais. O glúten ativa essa via, aumentando a permeabilidade intestinal, especialmente em indivíduos susceptíveis https://www.massgeneral.org/children/mucosal-immunology/faculty/fasano-lab?utm_source=chatgpt.com .
- A disfunção dessas junções está ligada a doenças autoimunes como T1D, esclerose múltipla e artrite reumatoide https://nyaspubs.onlinelibrary.wiley.com/action/oidcStart?redirectUri=%2Fdoi%2F10.1111%2Fj.1749-6632.2009.04037.x%3Futm_source%3Dchatgpt.com .
Visão integrativa
Não se trata de isentar ou demonizar o alimento, mas de entender que, em pessoas com predisposição genética, histórico inflamatório ou disbiose, a exposição contínua ao glúten pode precipitar um desequilíbrio maior. A estratégia integrativa foca em apoiar a barreira intestinal, modular a resposta imune e, quando necessário, reduzir temporariamente o glúten com reintrodução criteriosa. Importante afirmar que não é adequado simplesmente excluir o Glúten da dieta sem acompanhamento de um nutricionista capacitado que possa orientar como fazer. Muitas vezes apenas a redução do consumo já pode causar muita diferença positiva, sem a necessidade da exclusão total.
- Caseína: potencial impacto na função da barreira
- Estudo em modelo animal mostrou que uma dieta com caseína hidrolisada restaurou a função de barreira intestinal e reduziu a incidência de diabetes autoimune em ratos, acompanhada de redução de zonulina e recuperação das tight junctions:
- https://celiac.org/2014/12/17/worlds-leading-expert-gluten-related-disorders-dr-alessio-fasano-sets-record-straight-definitive-new-book/
- https://link.springer.com/article/10.1007/s00125-010-1903-9
Visão integrativa
Mesmo sem dados clínicos amplos, há base para considerar que, em situações de permeabilidade aumentada e predisposição autoimune, a substituição temporária por caseína hidrolisada ou exclusão consciente pode promover reparo. A chave é usar essa estratégia dentro de um manejo alimentar amplo, com suporte de nutrientes epiteliais (glutamina, zinco, prebiôs, etc.). Para isso, sempre procure profissionais da saúde capacitados para realizar acompanhamento criterioso.
- Agrotóxicos: agressão contínua à microbiota e à barreira
- Revisões recentes indicam que antígenos alimentares, poluentes e hábitos ocidentais fragilizam a barreira intestinal, afetando tanto a microbiota quanto a imunidade mucosal https://www.frontiersin.org/journals/allergy/articles/10.3389/falgy.2024.1505834/full .
- O glifosato e outros agrotóxicos têm mostrado potencial de alterar a composição da microbiota, causando disbiose e inflamação subclínica.
Visão integrativa
Nesse modelo, a exposição crônica a agrotóxicos é vista como um estressor ambiental silencioso. A estratégia é reduzir exposição (priorizar alimentos orgânicos, melhorar lavagem e manuseio) e reforçar os mecanismos de detoxificação e reparo intestinal, com foco na microbiota e suplementação epitelial.
Conclusão (visão integrativa)
- Glúten, caseína e agrotóxicos não são vilões universais, mas podem ser gatilhos importantes em pessoas com predisposição funcional ou inflamatória.
- A abordagem integrativa busca reparar, modular e reestruturar, não apenas eliminar.
- O trabalho clínico eficaz parte da avaliação individualizada: genética, inflamatória, história dietética e funcional, e evolui com suporte contínuo à barreira e ao equilíbrio imunometabólico.
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